AMBIENTES DE APRENDIZAGEM COMO DIFERENCIAL DE INOVAÇÃO NA INFRAESTRUTURA PARA AVALIAÇÃO IN LOCO

Diogo Oliveira – 23/11/2018

Marcella Silveira Tosetto Arquiteta,
Especialista em Espaços de Aprendizagem Inovadores
Diogo Oliveira Almeida Acadêmico de Engenharia Ambiental,
UnB Suzana Schwerz Funghetto Educadora Especial,
Mestre em Educação,
Doutora em Ciências e Tecnologias da Saúde

A concepção do projeto pedagógico de qualquer curso de graduação deve ser descrita a partir do perfil do egresso e das diretrizes curriculares vigentes. Para tal, a definição do perfil do egresso deve conter um estudo sobre a capacidade de oferta institucional, o diferencial da formação, além de explicitar como serão trabalhados no currículo, conhecimentos, habilidades e atitudes, com a utilização dos recursos disponíveis para solucionar, com pertinência, os desafios que se apresentam à prática profissional, em diferentes contextos da formação.

O desenvolvimento das competências profissionais segundo o movimento advindos das diferentes diretrizes curriculares por parte do Conselho Nacional de Educação requer a articulação entre conhecimentos, habilidades e atitudes explicitadas no perfil do egresso, devendo mobilizar as dimensões do currículo, da metodologia, do processo avaliativo, do corpo docente e da infraestrutura.

Entre as inovações implantadas pelas IES encontram-se o desenvolvimento de currículos orientados para o desenvolvimento de competências, por meio de metodologias ativas de aprendizagem, que visam potencializar e construir capacidades voltadas à formação de qualidade através do desenvolvimento de estratégias, atividades e a avaliação de desempenho moduladas para promover aprendizagem significativa dos alunos.

Uma das soluções encontradas para pôr em prática as metodologias ativas tem sido o desenvolvimento de ambientes caracterizados como espaços de aprendizagem que estimulam a colaboração e a criatividade, dando significado às competências e habilidades a serem aprendidas no currículo.

Nesse novo conceito de espaços de aprendizagem a infraestrutura deve ser observada não como um fim das atividades acadêmicas, mas como elemento balizador das ações institucionais estimulando de forma inovadora o desenvolvimento das metas estabelecidas no Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI.  Inovar na infraestrutura significa também colocar em prática o modelo acadêmico adotado pela instituição. Ou seja, se a metodologia é ativa o espaço tanto da infraestrutura tecnológica como da infraestrutura física devem estimular a comunidade acadêmica de forma diferente, considerando a facilitação/potencialização de suas dinâmicas específicas de acordo com cada área do conhecimento.

Em muitas instituições o conceito de sala invertida lidera a proposta atual de inovação. Será que apenas as salas invertidas são inovadoras?  Existe outra forma de inovar e ter sucesso na avaliação in loco do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior?

A solução encontrada tem que traduzir os movimentos institucionais a partir de um plano de estruturação desses espaços, a projeção do crescimento da infraestrutura(física e tecnológica) bem como a qualificação desses ambientes para o desenvolvimento de todas as políticas previstas no PDI , tais como:

  • estruturar e/ou reorganizar todos os prédios, buscando harmonização dos ambientes e uma identidade visual que valorize a instituição (ambientes construídos e não construídos);
  • implementar espaços de aprendizagem sem esquecer de atender às normas de acessibilidade, de segurança contra incêndio, de programação visual/sinalização e demais normas pertinentes;
  • criar espaços para convívio, tanto nas novas edificações quanto nas reorganizações e revitalizações de espaços existentes, a fim de ressignificar e valorizar espaços que por muitas vezes são tratados como residuais, promovendo encontro, troca e senso de comunidade;
  •  priorizar, no projeto de novas ambiências (construídas ou não construídas) ou na revitalização de ambiências existentes, a utilização de uma linguagem contemporânea, inovadora, funcional e de qualidade estética, adaptada ao contexto em que se insere prevendo inclusive a utilização de outros idiomas e sinais;
  • adotar conceitos de arquitetura bioclimática nos projetos de novas edificações, buscando soluções tecnológico-sustentáveis (tanto construtivas, como de funcionamento), associadas às atividades de ensino-pesquisa-extensão previstas para o período de vigência do PDI;
  • priorizar a utilização de pisos drenantes e/ou pisograma nas áreas sem cobertura a serem pavimentadas, ampliando as áreas permeáveis e melhorando as condições de drenagem pluvial, trabalhando essa ação dentro da politica ambiental;
  •  afirmar a unidade projetual de conjunto/paisagem, porém com a garantia da identidade de cada intervenção;
  • projetar quando for o caso novas edificações, ponderando a expansão do espaço e de sua utilização a partir do compartilhamento de usos e funções;
  • implantar/transformar os espaços externos da instituição de forma gradual revitalizando os espaços de socialização já existentes com objetivo de propiciar um espaço articulador e de interface de comunicação com a comunidade externa;
  • readequar as edificações já consolidadas, de uma forma gradual, para adaptarem- se às novas medidas de qualificação de espaços de aprendizagem.

Inovar na avaliação in loco também pode significar a elaboração de uma política de espaços de aprendizagem (inclusive prevendo adaptações tecnológicas), além de estabelecer características mínimas às atividades de ensino, propor modulações de atendimento às diferentes capacidades e uma unidade no tratamento visual aos ambientes.

Nesse sentido, não podemos esquecer que soluções como o reaproveitamento de móveis, ou a reforma destes, devem ser considerados inclusive para o desenvolvimento de politicas ambientais sustentáveis.

Os espaços livres voltados para o convívio devem ser vistos como espaços de aprendizagem pois estimulam a interação, a promoção de eventos culturais e ações acadêmicas. É possível ainda agregar os ambientes de socialização dos campi com o entorno, trazendo a evidência do cumprimento da responsabilidade social, integrando a instituição com a comunidade externa através de atividades de extensão.

É natural que nesse reaproveitamento também sejam observadas ações de planejamento e não apenas de gestão do espaço criando uma estratégia para orientar a ocupação com qualidade ambiental, sustentabilidade e planejamento macro a longo prazo. Trata-se de uma mudança de paradigma pois qualquer espaço poderá ser de aprendizagem desde que esteja justificado no modelo acadêmico adotado pela instituição.

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