Ihanmarck Damasceno – 14/11/2018
Ihanmarck Damasceno
Professor da Universidade Tiradentes e Superintendente de Relações Institucionais do Grupo Tiradentes
Os 20 anos do Exame Nacional do Ensino Médio marcam a história de um dos mais importantes instrumentos de inclusão social por meio da educação no mundo. Criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 1998, governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o Enem nasceu com os objetivos de avaliar a qualidade do ciclo da escolaridade básica e orientar a implementação de políticas públicas mais eficientes. E foi além. Utilizado como processo seletivo para universidades públicas, e também particulares, transformou-se na maior porta de acesso ao ensino superior do país, por onde cerca de cem milhões de brasileiros já passaram, motivados pelo sonho de construir um futuro melhor.
Criado pela pioneira e visionária pesquisadora Dra. Maria Inês Fini, atual presidente do Inep, o Enem democratizou a educação superior no Brasil. Muitos jovens, que antes do exame sequer vislumbravam a possibilidade de cursar uma graduação, conseguiram assento nos bancos universitários e espaço no mundo do trabalho. São pessoas de famílias economicamente desfavorecidas, que concluíram o ensino fundamental na rede pública e ganharam a oportunidade continuar os estudos, com a nota do Enem, por meio de programas como o ProUni e Fies em Instituições privadas.
Em um país de dimensões continentais e altos índices de desigualdade social, não é difícil entender como os 115 mil estudantes da primeira edição do Enem se multiplicaram tanto nesses 20 anos. E olha que as dificuldades enfrentadas pelo Ministério da Educação foram muitas, a começar pelos episódios de vazamento de informações, dentre eles, um furto de provas, em 2009, que obrigou o MEC a adiar a avaliação e refazê-la meses depois. No final das contas, todas as adversidades foram superadas e serviram para o aprimoramento dos processos.
Alvo de críticas e desconfiança no decurso da sua história, o Enem precisou se reinventar muitas vezes para não perder a credibilidade. E conseguiu. Hoje, mais de 500 instituições de ensino superior brasileiras, públicas e particulares, utilizam a nota do exame como critério de seleção em seus processos seletivos. Entre elas, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mais bem classificadas nos rankings internacionais de qualidade de ensino.
As provas transdisciplinares e contextualizadas, que colocam o estudante diante de questões sociais contemporâneas e exigem dele, mais do que respostas decoradas, competências, habilidades e a capacidade de resolver problemas cotidianos, tornaram o Enem uma referência internacional. Hoje, IES latino-americanas e portuguesas também utilizam a nota do exame para selecionar alunos brasileiros. Somente em Portugal, já são 28 convênios firmados.
Isso demonstra a força do Exame Nacional do Ensino Médio, uma das principais políticas educacionais do país, contribuição inestimável do Inep para o desenvolvimento econômico e social da nação. A caminho da excelência, o Enem, obviamente, ainda tem muitos desafios a enfrentar, como a necessidade de uma nova matriz curricular, redução dos custos – R$670 milhões somente em 2017 – e dos índices de ausência de candidatos. Mas alguém ainda duvida que esses desafios serão superados? A história não deixa dúvidas. O Enem seguirá pujante e renovado, para o bem do povo brasileiro.