Inovação em tempos de COVID-19 e a agenda da educação brasileira

Suzana Schwerz Funghetto

Educadora Especial,

Doutora em Ciências e Tecnologias da Saúde.

Inovar significa modificar ou reorganizar as formas de trabalho para atender às mudanças do aluno e do seu contexto de ensino, através de métodos mais adequados. A inovação deve ser fomentada pelos próprios professores, que está no centro da atividade educativa, pois diante das situações de ensino complexas, incertas e instáveis, os professores sempre fazem uso da criatividade para resolver problemas nas salas de aula.

Nesse contexto, a pandemia do COVID-19, que é um marco social, político e econômico no mundo, veio trazer uma pauta que já era amplamente discutida em termos de reforma educacional e inovação: a tecnologia como meio de aprendizado. Com o advento da internet e a popularização dela por meio das mais variadas plataformas (celulares, tablets, computadores etc.), o ambiente educacional pode desfrutar de benefícios como a maior interatividade, autonomia e protagonismo para os estudantes.

Não obstante, as estruturas organizacionais ainda se encontram pouco atualizadas, o que dificultou a implementação da educação à distância anteriormente e, no contexto emergencial da pandemia, se mostrou como um grande empecilho ao aprendizado. Esse fato levou até mesmo à suspensão das aulas no Brasil e tem consequências que ainda não se podem ser mensuradas, mas certamente são alarmantes.

Por se tratar de uma mudança drástica de paradigmas, os obstáculos para a educação no Brasil foram inúmeros, dentre eles a necessidade de capacitação dos agentes de educação para lidarem com as ferramentas tecnológicas, a dificuldade de adaptação nas plataformas de aula online, a não familiaridade dos professores com metodologias de educação à distância, o contexto sociocultural e empobrecimento das famílias brasileiras, dentre outros fatores.

No âmbito das Instituições de Ensino Superior, os impactos não foram menores, e essas instituições precisaram se adaptar rapidamente, adotando regimes de “ensino online de emergência” e, por esse motivo, colocaram-se novos desafios e a urgência de suprir um conjunto de necessidades, como por exemplo o desenvolvimento de mecanismos de qualidade do EaD e acreditação e avaliação de cursos superiores.

O novo cenário e a necessidade de adaptar de certa forma fomentou a inovação nos métodos de ensino e, complementarmente, colocou os professores mais uma vez a prova. No Brasil, a pandemia evidenciou uma precarização que já vem sendo denunciada, principalmente na realidade das IES privadas.

            É natural que se assista a uma consolidação por parte das IES das plataformas e recursos digitais, com base nas lições aprendidas e num cenário de repetição da situação, sendo o planejamento um fator crítico para a atividade universitária. Assim, mais do que nunca, a educação à distância está presente na agenda de educação nacional e deve ser enxergada como o grande diferencial para as IES.

Referenciais:

de Andrade, Leonardo Carlos, Regina Queiroz Silva, and Eugênio Lopes dos Santos Junior. “Educação Física escolar em tempos de Covid-19: o ensino do esporte e a paralisação dos megaeventos School Physical Education in covid-19 times: sport teaching and megaevent stopping Educación Física escolar en veces Covid-19.”

Godoi, Marcos, et al. “Professores de educação física como experts adaptativos e a busca da inovação.” Linhas Críticas 27 (2021): 1-21.

Gemelli, Catia Eli, and L. U. Í. S. A. Cerdeira. “COVID-19: Impactos e desafios para a educação superior brasileira e portuguesa.” Guimarães, LVM, Carreteiro, TC, & Nasciutti, JR Janelas da pandemia. Editora Instituto DH (2020).

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